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Tecnologia possibilita competições de corrida entre paratletas

  • Posted on:  Thursday, 20 June 2013 13:31

O surgimento das tecnologias passaram a ajudar na prática de esportes amadores, como a corrida. A atividade é vista como uma das mais inclusivas, já que não requer muitos equipamentos nem locais específicos para ser praticada. Algumas pessoas, entretanto, precisam de suportes específicos para conseguir correr: são os paratletas com deficiências relacionadas às pernas.

Existem diversas provas de corrida nos Jogos Paralímpicos. Elas são separadas em categorias gerais, de acordo com o tipo de deficiência dos competidores: visual, mental, paralisia cerebral, amputados e cadeirantes. Estes dois últimos grupos são os que admitem a utilização de aparatos extras como próteses e cadeiras especiais.

As próteses são divididas em duas partes. A maior delas, conhecida como lâmina, é feita de fibra de carbono e desempenha a função que seria da perna. A outra tem função de encaixar o coto do corredor. “A lâmina é produzida de forma industrial e o encaixe, artesanal, já que precisa se ajustar perfeitamente ao corpo que o recebe”, explica o coordenador de Atletismo do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) Ciro Winckler.

A junção dos elementos da prótese com o corpo do atleta é feita com um vácuo, criado em uma luva de silicone no coto. Segundo Ciro, não é permitida a utilização de elementos biônicos, protótipos ou implantes ósseos nas competições. “Essa medida tem objetivo de valorizar o elemento humano e não o tecnológico”, ressalta.

O coordenador conta que é preciso muito treino para impedir desequilíbrios no corpo, que podem causar lesões ou piorar o desempenho. Isso acontece porque o atleta não tem como saber exatamente onde estão as partes da lâmina.

Corredores amadores, por sua vez, podem ‘incrementar’ suas próteses com elementos biônicos. Uma melhoria possível, por exemplo, é a instalação de um computador que interpreta os movimentos do corpo e faz a prótese reagir de forma mais natural. O grande problema é o preço. Apenas a lâmina – no caso de ser a mesma utilizada por atletas – custa em torno de R$ 10 mil. Com os adicionais tecnológicos, o valor total da peça pode chegar a R$ 150 mil.

Apesar de os atletas não utilizarem circuitos em suas próteses, os custos ainda são altos. Ciro destaca que as lâminas de um corredor de elite, como o campeão paralímpico dos 200m, Alan Fonteles, têm vida útil entre 6 meses e 1 ano. O motivo é o grande volume de treinamentos.

Se no caso dos atletas que correm de pé as próteses são muito semelhantes às disponíveis para a população em geral, o contrário ocorre em relação aos que competem em cadeiras de rodas. Em primeiro lugar, os modelos utilizados pelos corredores possuem 3 rodas e um guidão, são muito mais baixos, e chegam a custar R$ 25 mil no Brasil (nos EUA, o preço fica em torno de US$ 3 mil).
Corrida cadeirante - globo ciência - Esporte Amador - paratleta (Foto: Divulgação/Marcio Rodrigues/CPB)
Cadeira de rodas utilizada em competições
(Foto: Divulgação/Marcio Rodrigues/CPB)
“A cadeira de uso diário tem que priorizar o conforto, já que a pessoa fica nela durante a maior parte do tempo”, diz Ciro. “Já a de competição, segue uma lógica completamente diferente, e precisa ser toda confeccionada sob medida”, completa.

A precisão deve ser tanta que qualquer movimento do tronco do atleta altere seu direcionamento e a estabilidade seja mantida. A aerodinâmica também é fundamental para o desempenho. Uma mudança nestes ajustes chega a causar 25% de impacto na velocidade do corredor.

O preço e a necessidade de customização extremamente específica tornam a descoberta de novos talentos muito difícil neste tipo de corrida. Por isso, o CPB está, segundo Ciro, em um processo para importar algumas cadeiras de uso mais geral, que não sirvam para competições em si, mas para iniciar possíveis atletas no esporte.

Em relação aos corredores cegos – que atualmente competem com guias – Ciro explica que, apesar de existirem pesquisas para o desenvolvimento de sistemas de orientação, não há perspectiva para a adoção de tecnologias deste tipo. Para isso acontecer, os equipamentos teriam que ser capazes de fornecer respostas precisas instantaneamente a uma velocidade de mais de 30 km/h. Além disso, todos os atletas teriam que estar totalmente adaptados a esses estímulos.

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